Declaração não causa surpresa, mas ainda assim é uma afronta e um desrespeito aos funcionários e ao banco, e revela que, em meio à pandemia do coronavírus, os integrantes do governo estão mais preocupados em se desfazer de um patrimônio público lucrativo do que focar na sobrevivência da população
Na reunião
ministerial de 22 de abril citada por Sergio Moro, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, afirmou que é preciso “vender logo a porra do BB”, em relação ao
Banco do Brasil. A informação foi divulgada pela jornalista Bela Megale, do
jornal O Globo.
Para a
Conselheira de Administração Representante dos Funcionários (Caref) do BB,
Débora Fonseca, a declaração não surpreende. “Desde o primeiro dia que pisou no
ministério, Paulo Guedes demonstra a intenção de atacar a imagem do Banco do
Brasil. Escolheu um presidente para o banco com indicações claras de diminuir o
papel e a importância da instituição para a sociedade, com projetos de
fatiamento com vistas privatização”, denuncia.
Afronta e desrespeito ao banco e
aos funcionários
Ainda de
acordo com Débora, a fala não é surpresa mas é uma afronta e um desrespeito ao
banco e aos seus funcionários, que sempre demonstraram enorme comprometimento
no atendimento à população.
“Os ataques
são uma tentativa de convencer a sociedade de que o absurdo da privatização faz
algum sentido. Uma tentativa de criar a narrativa fantasiosa de que o BB é
ineficaz ou desimportante, sendo que absolutamente tudo mostra que ele está
errado, já que o banco é extremamente lucrativo, cumpre um papel social imprescindível
ao conceder crédito mais acessível e que, neste momento de pandemia, seus
funcionários mostram ainda mais empenho e capacidade de entrega, e o quanto
podem causar de mudança na vida dos brasileiros”, afirma Débora.
“A lógica
privatista de Guedes tenta privilegiar ainda mais o setor financeiro privado,
causando ainda mais concentração de poder para esses conglomerados e
prejudicando a população que tem cada vez menos acesso a crédito e cada vez
mais caro”, completa a Caref.
Além de
todos os ministros do governo, na reunião em que Guedes atacou o Banco do
Brasil também estavam presentes os presidentes do próprio BB e da
Caixa Econômica Federal. A gravação da reunião que é apontada por Moro como
prova da interferência de Bolsonaro na Polícia Federal está em poder do Supremo
Tribunal Federal (STF).
Segundo
interlocutores do ministro da economia ouvidos pela jornalista Bela Megale,
Guedes passou a fazer críticas mais duras ao Banco do Brasil.
A dirigente
sindical pela Contraf-CUT e bancária do Banco do Brasil Fernanda Lopes enfatiza
que os bancos privados atuam prioritariamente em localidades que darão retorno
financeiro, como cidades mais populosas e bairros mais ricos. Nas localidades
mais isoladas e pobres, os únicos bancos existentes para atender a população
são os bancos públicos.
“Ao invés de
se preocupar com a sobrevivência da população que está morrendo aos milhares
por causa do coronavírus, e muitos ainda sequer receberam o auxílio
emergencial, essa declaração feita em meio à pandemia revela que integrantes do
governo estão se reunindo e debatendo privatização em meio a uma grave crise
sanitária, econômica e social, na qual a atuação do Estado se mostrará ainda
mais importante no atendimento aos que mais necessitam”, afirma Fernanda
Lopes.
Fonte: SP
Bancários
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